O céu cinzento e zangado, lá fora, maltrata a cidade, com relâmpagos fortes e estrondosamente ruidosos. As gotas tilintam na janela do nosso quarto, no qual estamos desesperadamente alheios ao mundo, que lá fora parece querer desabar sobre nós. Dentro no nosso mundo, o cenário é outro... O quarto é apenas iluminado por limitados e acanhados traços de luz vindos da lareira que permite ao de leve aquecer aquele momento...
Beijamo-nos calorosamente como se o dia fosse terminar naquele preciso instante e no meio de lençóis de cetim encarnados, amamo-nos como se se tratasse da última vez. Olho-te nos olhos de um profundo azul da cor do mar, sentindo a doçura do teu toque quente no meu corpo gelado pelo desejo, simultaneamente sentindo a suavidade da tua voz e o delicioso aroma do teu perfume cravado no meu corpo, e sussurro-te ao ouvido que quero que aquele momento mágico e maravilhosamente fantástico possa durar para toda a eternidade. Aquiesces com a cabeça e fazemos amor como se nunca o tivéssemos feito outrora, mas como se nos conhecêssemos desde sempre... Percorres o meu corpo com o teu olhar e delicadamente beijas os meus lábios mordiscando-os ao de leve. Levas-me ao céu numa nuvem extasiada de prazer, e contigo sinto e tenho a certeza, que sou a mulher mais feliz deste mundo! Após juras de amor infindáveis, adormecemos profundamente exaustos nos braços um do outro, querendo simultaneamente, que o amanhã não chegue e que o agora persista, para sempre como um momento evidentemente interminável.
A lareira apaga-se e a chuva ruidosa que actuava lá fora continua, tal como continua obviamente, a vida de todas as pessoas da cidade.